A VERDADEIRA MUDANÇA





É preciso não esquecer o sermão da montanha, atirar no mar a rede do pescador e arrastar do fundo do coração à força divina, que alimentará com esperança as almas dos homens.
Se faz necessário não deixar que matem o Cristo, tirá-lo da cruz não faz sentido, é melhor que ele permaneça vivo, embora que saibamos do seu poder de ressurreição.
É preciso que a traição de Judas seja impedida, que não haja a última ceia, que o cristo não seja negado, é puro bom senso que imitemos o milagre dos pães e dos peixes e não deixemos o nosso salvador jejuar no deserto.
Sim, é preciso servi-lo de outra forma, orações são muito individuais, ele quer de nós mais ações e menos palavras, só assim teremos muitos milagres no mundo, e uma vida eterna.
Hoje, é preciso transformar o vinho em água, para matar a sede de justiça, ódio em amor para eliminar a vingança e o desespero na certeza de que Deus existe. Hoje o tempo exige que não matemos judeus, que enxuguemos as mãos lavadas e imundas de Pilatos. Para que não atiremos nas vidraças a primeira pedra. Mas, é imperativo que não se dê o outro lado da face para que batam, é preciso pagar o bem com o bem e o mal com a justiça. Não com a justiça falha, mais com a justiça do dente por dente, olho por olho, e não apenas dar a César o que é de César. Vou mais além e digo que é preciso ferir, ferir a terra com o arado, gerando o alimento, a injustiça com a força de um louco enfurecido, e trazer à tona a verdade, ferir o rosto com o beijo, o orgulho com a simplicidade e o egoísmo com a equitatividade.
A verdadeira mudança que me refiro, não consiste em alterar os fatos já acontecidos, não tenciono mudar os pensamentos dos filósofos, nem a escrita sagrada, mas, sim, em tentar impedir que semelhantes fatos aconteçam mais uma vez.
Novamente eu lembro que é preciso ser a estrela brilhante, guiar magos e magros olhares perdidos na direção da Terra Prometida. Pouco importa a crença religiosa de cada um, o importante nessa mudança é tentar ser um pouco de Cristo, ser um mínimo de Deus e na realidade ser você mesmo.
Dessa forma nascerá para o mundo um novo mandamento de compreensão, fraternidade e amor, então teremos homens de boa vontade lutando pela paz na terra.
É preciso que não se acabem os sonhos, que em cada sonho decifrado tenhamos a lucidez dos grandes profetas bíblicos, para que descubramos a cada dia o mal que nos cerca e assim recriemos uma defesa material e espiritual forte, que transformará o mundo no verdadeiro paraíso.
Pouco importa a maldade de Herodes, a maça comida, a cabeça de João na bandeja, o corpo de Cristo preso na cruz, o que interessa é a semente que brotou dessa tristeza, só ela fará nascer na terra o caminho do entendimento.



Publicado no jornal interno informativo da CAGEPA/1986

(Poesianoprato)

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