ENCHENDO A CESTA, NA FEIRA DE QUARTA- FEIRA
Valdir Rangel
A feira que aí está é a mesma
feira de quarta-feira, dos anos 60, quando eu era criança no meu Jaguaribe, só
mudou mesmo, foi o local, antigamente era instalada no pátio que havia, junto à
igreja do Rosário, onde hoje está o centro administrativo do governo do estado
da Paraíba.
Não me recordo qual o ano que ela
saiu daquele local, mas, o que importa é que ela continua a mesma feira, dos
mesmos bancos, dos mesmos feirantes, lógico que substituídos por bancos e
feirantes atuais.
Até hoje, a mesma cena se repete,
no dia anterior da realização da feira, é como se fosse um ritual, um desfile de
bancos, produtos e pessoas passando, e fazendo os ajustes finais para o grande
dia da realização da feira.
Hoje, os bancos chegam trazidos
em pequenos carros, alguns já permanecem estocado no pátio junto ao aceiro da
mata de buraquinho, os produtos vão chegando em caminhões, diferente do passado,
que era transportado por chapeados (homens que carregavam peso) realmente, é
uma mirabolante preparação, os produtos vão sendo arrumados sobre os bancos
enfileirados, cada um conforme o seu tipo, a ala das bananas, das laranjas,
uvas, maçãs e peras, formam a ala das frutas, a ala das batatas doces, dos carás,
inhames e macaxeiras, originam a ala dos tubérculos e raízes, a ala das
verduras, pimentão, tomate, cenoura, couve etc. tem ainda os bancos de peixes,
carne de frango, gado, miúdos de boi, costela de porco, e ainda a parte dos frios , carne de
sol bem molinha, ovos de galinha capoeira, queijos variados , e assim vai se
formando a feira de quarta-feira, mais adiante as barracas de ervas para chás, baladeira,
abridor de lata, e arupema, a ala do mangaio, que eu chamo de ala da preservação
da cultura nordestina, é um verdadeiro supermercado ao ar livre, de produtos variados.
E quando a feira começa pra
valer, é que a coisa fica boa mesmo, ela tem de tudo, vendedores de coentro e
alho, circulando nos corredores, oferecendo os seus produtos, no meio dos
compradores, meninos com os seus carrinhos de mão, fazendo o transporte das
compras, o que muitas vezes forma um verdadeiro engarrafamento humano, nos
corredores estreitos da nossa amada feira.
Na ala
das tapioqueiras, é que está o lado mais gostoso e nutritivo, tapioca com coco
ralado bem quentinha, feita na hora, para se tomar com café, é de dar água na
boca, a feira tem de tudo, vendedores alegres, e criativos nas suas vendas.
Mais adiante, tem os que frequentam a
feira , para curtir um aperitivo e almoçar nos quiosques lá existentes.
Passando por dentro da feira de
quarta- feira, E vendo as mulheres debulhando as bajes do feijão verde, a minha
saudade se debulha também, em muitas lembranças, lembranças de feirantes que já
estão noutra dimensão, de minha mãe que adorava comprar peixes e frutas aqui,
do meu amigo Carlos Antão, que toda quarta feira, comprava a carne verde e de
sol, lá no banco do saudoso Arruda.
Que feira santa, um local
abençoado por Deus, e quando chega um horário mais avançado, depois das 17:00hs,
ai é que o negócio melhora, começa a gritaria anunciando que a promoção
começou, o cliente só não faz a feira, se não quiser mesmo, tudo fica a preço
de banana, inclusive a banana também! Ai é o momento que eu aproveito, e encho
a minha cesta, na feira de quarta feira!
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