CANTO SOLITÁRIO

 


Valdir Rangel

 


A boca que canta a solidão

É a boca que canta

o sofrimento das outras bocas

Canta a dor do irmão

Na beira da lagoa seca de água

Que não tem uma gota sequer

Para lavar uma lágrima

Para afogar a desigualdade

e a mágoa

Na solidão imposta aos homens

Nos sertões das mordaças

Que cala a voz, emudecendo a fala

 

Boca que canta somente

Uma canção solitária cheia de silêncios

Ouvidos na poeira da estradas,

Numa viola de sonhos já desafinada

Do cantador poeta vivo/morto que rimava

Cantando versos nas suas dores

Num repente que não serve mais de nada

 

Canta boca de sofrimento essa solidão

Na tua triste canção, mesmo em vão

Ela vai trazer um dia a reflexão

Por fazer tanta zuada

Pé esquerdo que avança atrás do direito

Protegendo a tua terra amada

Da poeira tóxica doentia, que enterra

As cruzes humanas às margens das estradas

 

 

 

 

 

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