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O MENINO QUE QUERIA SER TARZAN
Valdir Rangel 17-01-2007
Nascido no interior em uma pequenina
cidade, o menino, tinha um estranho desejo, estranho sim, não por desejar ser
um herói da tela do cinema. Mas, justamente por querer ser um super-herói bastante
defasado nos dias atuais, e pra melhor dizer querer ser o Tarzan em pleno
século XXI, é um fato no mínimo curioso. Numa época em que as crianças desejam
ser o Homem Aranha, o Ronaldinho Gaúcho, etc.Mas como nesta vida para tudo
existe explicação, vamos tentar traçar em algumas singelas linhas esse fato
bastante curioso que chamou a minha atenção, já que esse escritor admirou o Sr.
Tarzan numa época em que não havia computador, vídeo-game, MP3, carro a álcool,
celular etc.etc.
O menino tinha cinco anos, mas
conhecia quase tudo do seu herói, conhecia o seu jeito de andar o seu grito forte
e o seu tipo de roupa, quando ele falava em Tarzan era algo sublime que o
enternecia, seus olhinhos ficavam brilhando e a sua voz era tomada de uma candura
angelical, o assunto para ele era bastante sério, não passava pela sua
cabecinha de criança sonhadora outra idéia que não fosse ser o Tarzan,
desapontá-lo seria uma crueldade, passei a ouvi-lo e a entrar no seu mundo de fantasia
e delírio, inclusive o incentivei bastante a querer ser o tal Tarzan, lhe fiz
algumas perguntas sobre a vida do seu herói e ele respondia com bastante
desenvoltura, inclusive demonstrou como o Tarzan andava na selva quando
enfrentava um momento de perigo, ensaiou até o seu potente grito, quando
chamava alguns elefantes para o ajudar em alguma tarefa mais difícil.
E após alguns minutos de um dialogo
meio infantil porém sério para aquele menino, eu consegui descobrir como nascera
a sua paixão por Tarzan, tudo começou quando na sua pequena cidade, a
prefeitura exibiu em determinado local público alguns filmes do Tarzan, aquele
mundo hoje inexistente da floresta, com seus crocodilos, macacos, e elefantes encheu
os olhos e a alma daquele menino que se transformou no maior fã do Tarzan.
Tirar aquela idéia da sua inocente
cabecinha seria causar um trauma sem a possibilidade de reversão, o jeito era
fazer ele continuar naquela inocente fantasia, e assim a nossa conversa
prosseguiu por algum tempo, foi um papo bastante interessante, aquele menino me
fez lembrar que um dia também eu já quis ser o Tarzan, mas que o modelo do
mundo atual me fez esquecê-lo, confesso que tive até um pouco de vergonha, pois
eu fui um traidor do Tarzan, deixei-o morrer em minha lembrança de homem
ocupado e quero pedir desculpas ao meu herói, que mesmo fora de época ainda
conseguiu povoar de boas coisas o mundo daquele menino do interior.
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