O CEGO QUE VIU O COMETA
Valdir Rangel
1986
O fato
ocorreu num bairro da periferia, e chamou a atenção de grande parte da população
do país, pois teve grande repercussão, devido a vasta divulgação em edição
nacional, no programa dominical, de uma rede de televisão .
O
comentário da sociedade foi enorme, acreditamos até, que boa parte do mundo
tenha tomado conhecimento deste destacado acontecimento inédito.
As diversas camadas da população brasileira, emitiram as mais divergentes opiniões, os incrédulos, ou seja, os desconfiados os cépticos e ateus afirmavam, que o cego não era cego, e que tudo não passava de uma trapaça, com finalidade exclusiva de vender jornais e revistas, pois era impossível um cego enxergar.
Os religiosos, movidos pela vasta fé que lhe é
peculiar, afirmavam tratar-se de um grande milagre, era um sinal de Deus aos
homens e mulheres incrédulos, era, portanto uma sinalização positiva, de que a
vinda do nosso salvador, estava bem próxima.
Os
cientistas pessoas racionais, dotadas de um conhecimento mais elevado no campo
material, movidos pelos seus princípios científicos, diziam ser possível, que o
clarão causado, pela intensa luz do cometa, tivesse criado condições favoráveis
ao olho do cego, fazendo que por alguns instantes, o seu globo ocular que se
prolonga posteriormente pelo nervo óptico homolateral (retina), voltasse à
normalidade, fazendo com que ele tivesse, a volta repentina de sua visão.
A verdade
é que foram muitas as suposições, e explicações para o assunto. E graças ao
empenho da grande imprensa a chamada impressa investigativa, um jornalista
desconfiado, que nunca acreditou no referido fenômeno, conseguiu explicar o fato
claramente. E a verdade, se fez presente nos noticiários da imprensa brasileira.
Na
realidade, tudo não passou de uma brincadeira de mau gosto, tratou-se de um
sonho, tido por um deficiente visual que fora contado em uma barbearia do bairro, e que pessoas fofoqueiras, aproveitando aquela inusitada situação, saíram por ai
a espalhar esse falso boato, como uma noticia verdadeira.
* Uma homenagem à passagem do cometa de
Haley na terra no ano de l986
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