NOVENTA DIAS

Valdir Rangel



Hoje completa noventa dias, de isolamento social, são três meses,

que eu estou vivendo, morando, trabalhando, me divertindo,

e me comunicando literalmente, com o mundo, dentro de minha própria casa.

Não é coisa muito fácil, no início, surge um descontentamento, um começo 

de depressão,de desânimo e desengano,

tudo que você passa a ter, é aquele único ambiente, aquela casa é o seu mundo,

até que chega um momento, em que você cai na real, e finalmente compreende que,

a situação é esta, não tem outro jeito, é aceitar ou aceitar, não há  outra escolha mesmo,

principalmente, para quem está na faixa de idade de 60 anos em diante, 

ou mesmo quem é mais jovem, e se enquadra nas doenças de risco, listadas pela OMS.

O isolamento social, para nos proteger do corona vírus, a covid 19, foi uma medida extrema,

entretanto muito necessária, sem a existência de uma vacina, e ausência de remédios para

combater o vírus, o isolamento, passou a ser o (remédio) mais eficaz que havia.

E  travou-se uma batalha, entre isolamento e a economia, na verdade mesmo,

uma batalha política, puro jogo de interesses pessoais, e mais uma vez,

o país fica retalhado, repartido em grupos contra e a favor. Mas, deixemos isso de lado,

o futuro é quem irá fazer o seu julgamento oportunamente, quando mais tarde, ele futuro,

for presente.

Aqui, eu quero apenas descrever, os fatos do meu isolamento social, deixei de abraçar

os meus colegas, apesar de estar sempre, em contato virtual e telefônico, com eles. Mas,

a falta da presença, do contato, olho no olho, faz uma enorme diferença, nada substituí

uma conversa presencial, um abraço, um aperto de mão, ao vivo.

Hoje faz noventa dias, não direi de solidão, pois estou muito bem com a convivência de minha

família, pelo que agradeço muito à  Deus. Está sendo um tempo de muita aproximação,

de muito afeto e de divisões de tarefas e das dificuldades também.

Essa experiência, para mim é bastante interessante, pois aprendi, que na dificuldade

vem o choro, vem o medo, a ansiedade, a alegria, mas, dessa mistura de situações,

encontramos o denominador comum, e superamos os obstáculos.

Obrigado minha família, minha esposa, minha filha, meu filho, que mesmo distante de mim,

sempre esteve presente, pela telinha do telefone. Agradeço a todos vocês, que me ensinaram,

e continuam me ensinado,  e seguem caminhando comigo, no mundo de nossa casa,

me fortalecendo, com gestos, afetos e palavras de carinho, para que eu e todos nós,

possamos alcançar além de nossos limites.

Agora, depois de noventa dias, de isolamento social, estou acreditando  com muita fé,

na intervenção de Deus, que não tardará,  a agir, e com toda certeza, irá enviar os seus anjos,

e o espírito santo, para dizimar aqui da terra, esse maldito vírus!

Quero, apresentar também, as minhas condolências, aos familiares dos amigos, colegas,

conhecidos, e desconhecidos, que perderam seus ente queridos, vitimados pelo corona vírus.

Que vocês encontrem, o consolo em Deus.

Lembro também, que ainda não estamos livres, nada acabou, estamos apenas,

saindo do isolamento, mas o vírus maldito, o vírus maligno, não foi ainda isolado,

continua a correr, em todos os lugares, que exista a presença humana.

Faça tudo, para não se encontrar com ele!