CARMEM E DONDON




Valdir Rangel



Duas irmãs solteiras, que eu conheci na minha infância, Carmem era professora de português, por sinal uma ótima professora, de voz mansa, porém de uma personalidade muito forte, seu jeito de olhar os alunos e as pessoas, impunha por si só, um tom de respeito, era uma pessoa muito educada, e por ser a mais jovem, era uma espécie de tutora de sua irmã Dondon.


 Carmem, vivia para o seu ofício de professora primaria, e para o lar, nunca vi nem me lembro mesmo, de tê-la visto, em passeios ou conversando com a vizinhança, era uma pessoa altamente introspectiva. Carmem foi professora de minha irmã, e morava na mesma rua que eu morava, éramos vizinhos.

E por ser a mestra da minha irmã, na escola Feliciano Dourado, onde eu também estudava, a minha família fez amizade com dona Carmem e dona Dondon. (mesmo solteiras, nós a tratávamos por Dona, mais aqui, vou alternar esse tratamento chamando-as algumas vezes, apenas pelos seus nomes)
Feita essa apresentação inicial, de Carmem, agora vamos iniciar a apresentação da sua irmã   Dondon.

Dondon, era também professora, já estava aposentada, não sei dizer, o que Dondon lecionara quando em atividade.
O certo é que dona Dondon, era diferente de Carmem, Dondon, era mais comunicativa, e eu notava que ela era dada a conversas e passeios, ou seja se enturmava mais com a vizinhança.

Dona Dondon, a qual eu nunca soube o seu nome de batismo, nem o motivo daquele seu apelido, tinha o vício de fumar, mais antes eu quero descrever dona Dondon, ela tinha cabelos brancos, como já disse estava aposentada, o que para aquela época, já deixava a pessoa mais velha, e além disso Dondon, não se vestia como a sua irmã Carmem, dona Dondon, usava um vestido comprido espécie de farda , quase alcançando os pés, o cabelo amarrado com uma fita fina, óculos de graus tipo fundo de garrafa. E por ai vai, era um tipo muito descontraído, aparentava não está nem ai, para as etiquetas de moda.

Eu gostava de dona Dondon, as vezes ficava ouvindo as suas conversas intermináveis, apenas balançando a cabeça, e sorrindo com o seu jeito.
Dona Carmem, não aprovava o vício de fumar de Dondon, que se vendo vigiada pela sua irmã Carmem, me pedia, que eu fosse até a mercearia de seu Figueiredo, comprar os seus inseparáveis cigarros, era um cigarro vendido em maço, de marca POPULAR,  que exalava um cheiro insuportável!

 Dondon, esperava um vacilo dado por Carmem, e me chamava às pressas, me dando um dinheiro que nem me lembro mais quanto, só sei que era o cruzeiro, e me fazia uma recomendação, não deixe que Carmem perceba, você entrar e me entregar os cigarros.

Assim eu procedia, entrava pelo beco da casa, e na janela do quarto de dona Dondon, eu lhe entregava aquele maço de cigarros, em troca ela me ofertava algumas moedas de gorjeta. E lá ia eu, de volta a mercearia para comprar doces, bolos ou cocadas.

Tempo bom aquele, ali no bairro da Torre, na Av. Rui Barbosa, dona Carmem, dona Dondon, aqui lhe presto essa homenagem, pequena, mais tão merecida. Duas mestras, que dedicaram as suas vidas a educação desse pais, e que nunca foram homenageadas, por quem de direito. Parabéns Carmem, parabéns Dondon, que Deus as tenha lá no Céu, e que Dona Carmem, me perdoe por ter comprado tantos maços de cigarros para dona Dondon.


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