O VELHO JAGUARIBE, QUE ME TORNA UM SAUDOSISTA!
Valdir Rangel
Da feira se avistava o pátio gigantesco da igreja do
Rosário, padres e frades vestidos com as suas batinas com enormes terços de pendurados
no pescoço, o velho campo do estrela-do-mar foi o palco de muitos sonhos juvenis, bolas
chutadas no espaço em busca de marcar os gols mais importantes que levassem a
vida a obter as vitorias.
Jaguaribe do campo do Laureano, da vila dos
motoristas, do beco estreito da colônia, que servia de atalho rumo ao bairro da
Torre e do antigo Varjão (nessa época não havia o Cristo), digo melhor, o
bairro do Cristo. Assim era Jaguaribe flutuando na beleza e sutileza dos seus
moradores, uma arquitetura moderna para época, dos anos cinqüenta.
Jaguaribe dos meus sonhos, do sonho inicial dos meus
pais, Jaguaribe do primeiro beijo, dos namoros proibidos, que se revelavam
claramente no escurinho de uma esquina qualquer, e os carnavais todos foram
fantasias, literalmente falando, invadidos de confetes e serpentinas, que me
arrastavam para um mundo de perfeita ilusão, na tranquila Rua da Conceição.
Jaguaribe da Vasco da Gama, da capitão José Pessoa, da
Alberto de Brito, rua onde ficava instalada
a Faculdade de Medicina. Assim era Jaguaribe muitos sonhos numa época de
anos dourados, de festas memoráveis no clube dos sargentos, Jaguaribe da minha
família, que contribuía também para o desenvolvimento do bairro, Jaguaribe
preocupada com a saúde, era um nome forte no tratamento da Tuberculose no sanatório
Clementino Fraga, e da oncologia no Hospital Laureano.
Sabe Jaguaribe, mesmo distante das tuas ruas, dos teus
locais pitorescos, eu sinto saudade dos teus velhos habitantes, lá onde eu
construi grandes amizades, que se perpetuam ainda nos dias atuais. Jaguaribe,
qualquer dia desses eu vou te visitar, vou passar na rua em que nasci, nos
lugares por onde andei, mesmo que eu nada mais
encontre por lá, só o fato de
estar pisando em teu solo, de andar por tuas ruas, de respirar o teu oxigênio,
mesmo cheio de monóxido de carbono, já me proporciona uma alegria, e me faz
voltar ao meu passado, onde eu era feliz e sabia.
Adeus Jaguaribe, qualquer dia a gente se encontra de
novo, para amenizar essa saudade, que eu sinto por ti, e que eu peço a Deus,
que ela nunca se acabe!
Comentários