O VELHO JAGUARIBE, QUE ME TORNA UM SAUDOSISTA!

Valdir Rangel 

 

 A minha pátria tem nome, lá eu nasci e me criei, só não fiz canções mais amei, e até hoje amo o meu querido Jaguaribe, bairro onde eu passei bons momentos da minha infância, a velha casa 413 na Rua 12 de outubro, onde nasci. Lá era por onde todos que buscavam a feira, a antiga feira de quarta feira encontravam o seu caminho e passavam, num passeio digno de um desfile de 7 de  setembro, lá circulavam carroças e cavalos com os seus  cavaleiros que vinham a feira para vender e comprar alguns mantimentos, gentis senhoras e senhoritas também passavam por lá, a feira era um ponto de convergência para a população do Jaguaribe, os homens se encontravam para exercer o livre comércio e assim iam trazendo o progresso para o bairro.

Da feira se avistava o pátio gigantesco da igreja do Rosário, padres e frades vestidos com as suas batinas com enormes terços de pendurados no pescoço, o velho campo do estrela-do-mar  foi o palco de muitos sonhos juvenis, bolas chutadas no espaço em busca de marcar os gols mais importantes que levassem a vida a obter as vitorias.

Jaguaribe do campo do Laureano, da vila dos motoristas, do beco estreito da colônia, que servia de atalho rumo ao bairro da Torre e do antigo Varjão (nessa época não havia o Cristo), digo melhor, o bairro do Cristo. Assim era Jaguaribe flutuando na beleza e sutileza dos seus moradores, uma arquitetura moderna para época, dos anos cinqüenta.

 

Jaguaribe dos meus sonhos, do sonho inicial dos meus pais, Jaguaribe do primeiro beijo, dos namoros proibidos, que se revelavam claramente no escurinho de uma esquina qualquer, e os carnavais todos foram fantasias, literalmente falando, invadidos de confetes e serpentinas, que me arrastavam para um mundo de perfeita ilusão, na tranquila Rua da Conceição.

Jaguaribe da Vasco da Gama, da capitão José Pessoa, da Alberto de Brito, rua onde ficava instalada  a Faculdade de Medicina. Assim era Jaguaribe muitos sonhos numa época de anos dourados, de festas memoráveis no clube dos sargentos, Jaguaribe da minha família, que contribuía também para o desenvolvimento do bairro, Jaguaribe preocupada com a saúde, era um nome forte no tratamento da Tuberculose no sanatório Clementino Fraga, e da oncologia no Hospital Laureano.

Sabe Jaguaribe, mesmo distante das tuas ruas, dos teus locais pitorescos, eu sinto saudade dos teus velhos habitantes, lá onde eu construi grandes amizades, que se perpetuam ainda nos dias atuais. Jaguaribe, qualquer dia desses eu vou te visitar, vou passar na rua em que nasci, nos lugares por onde andei, mesmo que eu nada mais   encontre por lá, só o fato de estar pisando em teu solo, de andar por tuas ruas, de respirar o teu oxigênio, mesmo cheio de monóxido de carbono, já me proporciona uma alegria, e me faz voltar ao meu passado, onde eu era feliz e sabia.

Adeus Jaguaribe, qualquer dia a gente se encontra de novo, para amenizar essa saudade, que eu sinto por ti, e que eu peço a Deus, que ela nunca se acabe!

 

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