VERDE ABACATE
Ele
um cara vivido 40 anos de idade, fazia dez anos que havia colocado
a bendita argola no dedo médio, era definidamente um sujeito simples, caseiro,
sem muitos enfeites, para ele a vida tinha que ser vivida de modo infinitamente
natural.
Não
torcia pelo Palmeiras, detestava verduras tipo, alface, couve, rúcula e pimentão,
não tomava também vitamina de abacate.
Sua
cor preferida desde criancinha era azul, talvez porque gostasse muito de
admirar o céu.
A
sua esposa, uma senhora de trinta e cinco anos, que para variar era igual a
tantas outras esposas, tinha o maior cuidado e zelo pelas coisas do maridão, uma
delas era com a sua roupa.
E
sempre que ia ao comércio fazer compras, aproveitava e comprava roupas e adereços
para o seu querido esposo, e se estivesse acontecendo uma promoção ai era que caprichava nas compras, ela se
julgava uma especialista em moda e certa vez, quando ocorria uma daquelas
irrecusáveis promoções que por sinal foi essa a ultima, já que algum tempo
depois rolou a separação entre o casal, não causada pelo impulso estilista que
ela ostentava, mais por vários outros motivos que aqui não convém salientar,
embora que esta parte também teve o seu grau de importância.
O
mês era dezembro, o Natal já estava praticamente chegando, ela a dedicada
esposa, comprou uma bela camisa de mangas compridas e de cor verde abacate e
presenteou ao marido, solicitando que de livre e espontânea pressão ele o
esposo, deveria usar aquela bela camisa na noite solene e alegre de Natal, em
um jantar que iriam à casa de seus familiares.
Ele
o marido, ficou num beco sem saída e agora? O que faria para sair desta
situação constrangedora já que não queria causar desgosto a sua esposa e nem a
si próprio, pois não gostou da cor da camisa e muito menos pela camisa ser de mangas
compridas, esse então passou a ser o seu dilema daquele dia em diante, até
chegar à noite de Natal.
Meu Deus me ajude a encontrar um jeito
de não vestir essa bendita camisa, pensava ele a todo instante, teve ideias
mirabolantes pensou até em comer em demasia para adquirir uns quilinhos a mais,
e não conseguir vestir a camisa, mais seria besteira ela a esposa dedicada e
estilista voltaria à loja e com certeza trocaria por outra de tamanho GG.
Que
situação, como sair daquela enroscada, se a camisa fosse pelo menos vermelha
ele tiraria uma onda de ser o Papai Noel, mas cor de abacate, não tinha
condições mesmo de causar uma boa impressão.
O
certo é que não encontrou uma solução para amenizar aquele fato, o tempo foi
passando e no dia 24 de dezembro véspera do Natal quando estava se arrumando
para o jantar em família, encontrou casualmente a saída que solucionaria a
questão.
Deixou o vidro de perfume aberto e propositalmente derramou todo o seu
conteúdo sobre a camisa verde, ensopando-a toda com o cheiroso liquido, e agora
seu problema estava resolvido, a esposa , lamentou o ocorrido deu uma bronca nele
daquelas intermináveis, mas não vendo outro jeito foi até o guarda roupa tirou
uma camisa azul e o entregou para vestir.
Valdir(Poesianoprato)
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