O OUTRO LADO DO MUNDO

Valdir


Eu me sinto cansado
Os olhos pregados na linha do horizonte
Os gestos quase que paralisados
E a estrada incansável segue bem na minha frente
De bonito nela só há as curvas
Que imitam curvas femininas

E nada me dá prazer
Talvez esse sol quente
Que ferve a minha alma
Fosse mais proveitoso mesmo
Naquele dia que choveu
Lá na praia

Estou cansado
Sem condições de pensar
Ou mesmo de amar essa natureza
Sem vegetação alguma
E o gado comendo o pó da terra seca
Busca uma sombra que não existe
Nem mesmo nas noites de lua

E eu aqui nesse fim de mundo
Busco somente me preocupar comigo
Parece que não vejo o sofrimento
Dessa gente tão sorridente
Que habita esses mocambos

Que alma ingrata eu tenho, meu Deus
Será que eu sou teu filho mesmo?
E o calor a poeira e o silencio
Soprado por um vento quente
Joga no ar uma solidão desconhecida
Me fazendo ficar ainda mais triste
Pois eu sei que nada poderei fazer
Por essas cruzes fincadas
Nessa estrada

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