BUMBA-MEU-BOI BOI-DE-REIS

Ridlav

Acredito que vocês já ouviram pelo menos falar se é que não assistiram a uma apresentação do boi-de-reis, que é uma dança do folclore do nordeste brasileiro. É uma dança da morte e da ressurreição do boi que é desenvolvida por vários dançarinos com vestimentas coloridas e apropriadas, tem um grupo de tocadores e uma alegoria em formato de um boi com uma abertura por baixo dela envolvida por um manto com uma guarnição franjada ao seu redor que encobre o dançarino que fica representando o boi, ou seja, o dançarino tem que vestir a alegoria e reproduzir os movimentos de um boi. Existem varias canções que são executadas à medida que o boi faz as suas evoluções, e com relação a essa dança do nosso folclore popular, eu vou narrar uma historia muito engraçada que aconteceu na Paraíba em um dos bairros da Capital João Pessoa.
A alegoria que representava o boi estava sendo guardada ao relento no quintal da casa de Mané Pintado que era o presidente do boi-de-reis, o dançarino titular por um motivo de saúde não podia sair naquele ano, e o grupo de folclore procurava um brincante que topasse vesti - lá e sair nas ruas do bairro como era o costume de todos os anos. Procuravam procuravam e não encontravam tal brincante, foi ai que alguém deu uma sugestão convidem Naldinho Caneiro, que ele com certeza irá topar ser o boi, e ai alguém disse: mais ele bebe muito, e responderam por isso mesmo, ofereçam a ele algumas doses de aguardente que vocês terão um boi vigoroso e disposto a desfilar bonito nas ruas.
E assim foi feito fizeram o convite e contrataram o Naldinho Caneiro para ser o boi-de-reis durante os três dias de carnaval, no contrato ficou acertado bem claro que Naldinho seria alimentado por doses de cachaça no inicio e depois de cada apresentação para que tivesse disposição de carregar o boi nas costas por todo o dia.
Celebrado o acordo de cavalheiros o grupo já ansioso pela demora, impaciente que estavam para ganhar as ruas deram o primeiro gole de cachaça e jogaram a alegoria do boi em cima do esqueleto de Naldinho Caneiro do jeito que a mesma estava sem fazer nenhuma inspeção antes. E a batucada mal começou e já no terceiro quarteirão o Naldinho já fez a primeira parada e exigiu o cumprimento do contrato que lhe dessem o segundo gole de cachaça, pois já estava meio cansado pela condução do boi-de-reis.
Mané Pintado presidente executivo e dono do boi-de-reis, abriu o garrafão de cachaça encheu o copo pela boca e ofereceu a Naldinho que engoliu tudo num só gole, Naldinho voltou novamente para debaixo da fantasia do boi e começou a fazer a sua evolução, havia uma multidão de curiosos e apaixonados pelo boi-de-reis os verdadeiros torcedores mesmo.
Era uma multidão bastante volumosa, que aplaudiam as evoluções que o boi executava, o grupo folclórico estava bastante entusiasmado e comentavam entre eles “Mais veja só, o Naldinho Caneiro é uma fera rapaz, está dando o maior espetáculo inclusive quando a batucada para ou diminui o ritmo ele continua evoluindo, acho que é o efeito da cana que o mantém assim esperto, já está contratado definitivamente e no ano seguinte será novamente o nosso boi-de-reis” aí outro integrante comentou “que nada seu Mané Pintado, isso é dom mesmo, descobrimos um dançarino nato” e o boi não parava corria para cima dos presentes de um lado para outro lado da rua dando cabeçadas e fazendo piruetas como se quisesse voar, os pés do Naldinho subiam do chão corriam como cachorro doente, e finalmente depois de alguns minutos notava-se que aquilo não era normal, Naldinho não parava parecia está ligado na eletricidade, pouco tempo depois se descobriu o motivo daquela eletrizante dança, por dentro da alegoria do boi-de-reis existia uma caixa de maribondos que sem dó nem piedade ferroavam todo o corpo de Naldinho Caneiro o coitado na tentativa de se livrar dos maribondos enganchou a cabeça por dentro da fantasia e não podia tira - lá, e ai se explicava aquelas incontáveis e mirabolantes piruetas que Naldinho executava, depois de alguns minutos já livre daquele monstrengo folclórico de chifres, via-se o estrago que ele sofreu o rosto as costas os olhos todo o seu corpo estava inchado, Naldinho levara a maior surra de toda a sua vida. Depois desse triste dia Naldinho nunca mais quis tentar carreira de dançarino de boi-de-reis.
Há quem diga por ai que depois desse lamentável e cômico ocorrido, criou-se na Paraíba uma cachaça com o nome de Maribondo em homenagem a Naldinho Caneiro.

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